2009-04-11

ARTIGO: Aspectos da interação entre prático e equipe de passadiço

MARGRIET TORPSTRA
Prática de Rotterdam


Depois da colisão do Cosco Busan, na Baía de São Francisco [EUA], a questão da comunicação entre prático e comandante voltou a ganhar visibilidade. Capitães e práticos vem se tornando mais conscientes da importância de uma comunicação direta e livre de ambiguidades. E se isto não ocorre, o mundo a seu redor os compele a trabalhar e comunicar-se como uma equipe.

Recentemente, voei de Amsterdam a Estocolmo e pude ver os pilotos e a tripulação do avião a bordo do qual estava encontrando-se pela primeira vez. Estava patente que eles não se conheciam antes.

Os dois profissionais riam, faziam brincadeiras e cumprimentavam-se enquanto a tripulação da cabine estava a apenas um passo de distância. Os pilots acenaram educadamente para eles com a cabeça, mas sem palavras. Porém, no decorrer do voo, pude ouvir por alto a comunicação entre eles e ficou nítido que eles empregavam frases padronizadas -- um resultado de seu extenso treinamento. Eles transmitem e recebem informação sem dar margem a equívocos; sabem exatamente o que fazer e o que esperar uns dos outros. Eles adoram seu trabalho e o modo como trabalham.

Eu me dei conta de que, no passado, um clima como este estava longe de ser comum a bordo. Hierarquia, falta de assertividade e inexistência de delegação eram as bases do cotidiano, mas as consequências disto no voo eram desastrosas.

Frases padronizadas começaram a ser empregadas e procedimentos operacionais padrão foram prescritos; atualmente, todo membro da tripulação conhece seus deveres. Muito treinamento e atitudes simples e transparentes fazem toda a diferença.

Como instrutora de gerenciamento de recursos de passadiço, ouvi com frequência que meus workshops são bons para conscientização mas deixam de dar boas respostas práticas

Na condição de prática, compreendo estas observações.

É possível que tenha chegado a hora de dar uma solução diferente para a dinâmica de cooperação entre práticos, comandantes e tripulação: a padronização das comunicações e da terminologia. É o que fazem VTSs, a indústria aeronáutica e diversas fábricas. Mesmo hospitais adotam esta linha. Para ser honesta, quando eu tiver de ser hospitalizada, minha expectativa é de que médicos e enfermeiras comuniquem-se como equipe e entendam-se com clareza.

Nós -- comandantes, oficiais de quarto e práticos -- podemos trabalhar em melhoras. As instruções podem ser transmitidas de forma facilmente compreensível; checklists podem ser úteis. Do mesmo modo, é possível a treinar a todos os profissionais do transporte marítimo em procedimentos operacionais-padrão

Expresse de forma direta e acurada o que você deseja saber e não presuma nada acerca das intenções da outra parte. Grande parte disto já existe. Deixamos passar módulos simples para aprender a colocar tudo isto em prática.

A questão é: percebemos que trabalhamos melhor no passadiço como equipe ou ainda acreditamos que partilhar dúvidas profissionais é um sinal de fraqueza? Quando a informação não é compartilhada, um erro de uma só pessoa pode ocorrer facilmente.

Em um ambiente favorável a questionamentos e respostas, no qual o comandante contribui com sua responsabilidade pelo navio e o prático, com seu conhecimento local, o trabalho de equipe surge naturalmente através da comunicação simples e eficaz

Temos a capacidade de desenvolver uma Terminologia para Equipes de Passadiço voltada para as atividades habituais de praticagem:

  • O prático pode perguntar quem da equipe será responsável pela navegação;
  • Um Oficial de Náutica não se rebaixa ao informar sobre embarcações nas proximidades;
  • Um prático pode querer ser avisado se um contato estiver a 100 metros ou menos;
  • Deve ser uma prática corriqueira traduzir as conversações com o VTS para o passadiço;
  • O timoneiro pode receber atenção especial e acompanhamento de um terceiro todo o tempo.

Em resumo, o prático jamais deve trabalhar sozinho -- e então será um profissional benquisto e qualificado, ao invés de um estranho no passadiço.

2009-03-30

UK: 20 Years of the Pilotage Act

ALEXANDRE ROCHA, MNI

In the midst of the discussions regarding the Brazilian pilotage system, it is very easy to forget that history often repeats itself, albeit in different regions of the globe.

The complaints levelled against pilots in Brazil are hardly surprising. And the United Kingdom provides a fairly decent indication of what might come should the Goverment cave in to the pressure from other sectors of shipping.

Here we quote an October 2008 editorial from Master Mariner John Clandillon-Baker -- a Fellow of the Nautical Institute and the editor of The Pilot, the journal of the United Kingdom Maritime Pilots' Association.

With a few adaptations, his text would just apply to the current situation in Brazil:

The Pilot
Online Edition

This month [October 2008] marks the 20th anniversary of the implementation of the 1987 Pilotage Act which transferred responsibility for UK pilotage from Trinity House to the ports. It seems strange that pilotage was singled out as an area where legislation was required, but the intense lobbying by the shipping and ports industries somehow convinced the Government that pilots were “strangulating trade” and unless this unruly body of individuals was regulated then the country would be brought to its knees!
Although all was not as rosy under Trinity House as some would like to reminisce, the TH pilots provided a high quality professional and very efficient service to the ports for (compared to lawyers and accountants) a very reasonable charge. Once the responsibility for pilotage was transferred to the ports, the delegation of power without accountability inevitably led to the erosion of safety parameters and this fundamental flaw of the 1987 Act was dramatically exposed by the Sea Empress disaster in 1996. The findings of the Sea Empress investigation led to a review of the Pilotage Act which in turn led to the Port Marine Safety Code (PMSC).
So where are we now? Twenty years on, the flaws of the 1987 Act are still regularly being revealed by MAIB investigations and in 2005 the government announced a proposed new Marine Bill which would include pilotage and underpin the PMSC with legislation to provide accountability by ports to the Secretary of State. Although delayed, the Bill is still tabled for the future but the delay has resulted in the port and shipping industries intensifying their lobbying to water down the legislation. As I write this, the ship owners and charterers are lobbying to remove the requirement for a PEC holder to be the “bona fide” Master or Mate of the ship (see PEC abuse article) and the ports bodies are lobbying to prevent the PMSC and accountability elements of the Bill from being incorporated. “Voluntary self regulation” is all that is required they protest. Well, as the now proud owners of all the UK banks’ debts, we all know where that leads!

2009-03-29

A NEW BEGINNING: "Profissão: prático" is "In Safe Waters"

For a short while, our blog, devoted to marine pilotage, was out of the blogosphere.

A reevaluation became necessary; we cannot be always be sure that what we do is good or useful enough.

Eventually, though, I came to realize that this is not only about personal ideas and opinions: it is about an entire industry and its multiple faces.

So we are back, we are now bilingual (Portuguese and English) -- and under a different name.

"Profissão: prático" is now "In Safe Waters".

NOVO NOME: "Profissão: prático" agora "Em Águas Seguras"

Ficamos fora da blogosfera por um tempo, sem aviso.

Nem sempre a gente tem certeza de que está fazendo o melhor, ou de que está sendo útil.

Aí, eu me dei conta de que, mais do que uma vitrine de opiniões e ideias pessoais, este é um lugar para reunir conteúdos de interesse em diversos setores da indústria de transporte marítimo: segurança, economia, tecnologia, aspecto humano...

Por isso estamos de volta, por isso mudamos de nome.

Profissão: prático está agora Em Águas Seguras.

2009-03-20

PRATICANTE DE PRÁTICO 2008: Apresentação começa hoje

Começou hoje (20) a apresentação dos praticantes de prático nas Zonas de Praticagem (ZPs) para as quais foram classificados.

Para os que não são praticantes de prático ou práticos em outras ZPs, o prazo se encerra no próximo dia 24. Os demais terão até 4 de abril para iniciar o treinamento.

ITAJAÍ: saída do "Maersk Jefferson"

Maersk Jennings (224 m LOA, 32 m de boca) rumo à barra, depois de desatracar do berço 4 de Itajaí

ITAJAÍ: o MSC Oriane e o novo balizamento

Aí vão algumas fotos do trabalho da praticagem do Itajaí, tiradas no dia 13 de março, durante a entrada e saída do "MSC Oriane", primeiro navio pós-Panamax a escalar no Terminal Portuário de Navegantes (PORTONAVE) com a presença do novo sistema de balizamento.

O "MSC Oriane" é um porta-contêineres de 277 metros de comprimento e 40 metros de boca, capaz de receber cerca de 5 mil contêineres de 20 pés (TEUs). Esta foi sua escala inaugural na PORTONAVE.


Proximidades da boia Itajai 5. Rebocadores Caillean, Sauípe e Lancelot aguardam no canal interno.

Carta eletrônica confirma a foto: navio está no canal de 120 m de largura

MSC Oriane, já com os rebocadores dispensados, prestes a passar barra

Passagem de barra, proa na boia 6; ao fundo, o MSC Japan

Marcando assim!

Gigante em águas seguras

2009-03-16

Perguntar não ofende... (3)

Afinal, quem é o patrão da praticagem?

Perguntar não ofende... (2)

Alguém desceria em um aeroporto no qual os controladores de tráfego fossem empregados das companhias aéreas?

Perguntar não ofende...

Alguém desceria em um aeroporto onde duas torres de controle disputam a primazia e os lucros do serviço?

PRATICANTE DE PRÁTICO 2008: TRF-2 suspende liminar que paralisava seleção

Por unanimidade, a 6a. Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2a. Região, com sede no Rio de Janeiro, concedeu efeito suspensivo a dois agravos interpostos contra decisão que paralisou, no último dia 3, o processo seletivo de praticante de prático.

Com isto, a liminar da primeira instância não tem mais eficácia até o julgamento do mérito do agravo, ainda sem data definida, permitindo o prosseguimento do certame.

RESULTADO DE ENQUETE: Quem deve regular as tarifas de praticagem?

Entre os assuntos que mais têm atraído a atenção para a praticagem, está o preço cobrado pelo serviço. Até o ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, manifestou-se sobre o assunto, há cerca de duas semanas.

Por conta desta discussão, lançamos nossa segunda enquete, encerrada ontem.

Para 66,7% dos participantes, é a Autoridade Marítima quem deve cuidar do preço do serviço, como diz a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário. Em seguida, vem os 22,2% que acreditam na liberdade irrestrita das tarifas, sem regulação. Empatados em terceiro, com pouco mais de 5% cada um, ficam aqueles que pensam que a tarefa deve ficar a cargo da Autoridade Portuária e os que entregariam a faina para a ANTAQ.

A Secretaria Especial dos Portos foi a única opção que não recebeu nenhum voto.

RESULTADO DE ENQUETE: Praticagem, jurássica?

O resultado da enquete sobre a frase "A praticagem é um dos últimos dinossauros do setor marítimo" indica que nossos leitores não pensam, de forma geral, como o autor da frase.

85% dos participantes consideraram que a praticagem não é jurássica, contra 15% que concordaram com a afirmativa.

Mais enquetes vem por aí, sempre sobre temas interessantes e polêmicos da praticagem.

2009-03-14

PRATICANTE DE PRÁTICO 2008: Segundo round no TCU é dia 18

O processo sobre supostas irregularidades no Processo Seletivo de Praticante de Prático volta à pauta do Tribunal de Contas da União nesta quarta, dia 18, em sessão plenária reservada.

A seleção, cujo resultado final já foi homologado pela Diretoria de Portos e Costas, está suspensa desde o dia 3 por força de liminar obtida pelo Ministério Público federal em ação civil pública que pede a anulação do certame.

Para saber mais: https://www.dpc.mar.mil.br/servicos/concurso/pratico08/indice.html

Nova ferramenta facilita a pesquisa por temas

Adicionamos ao final do blog uma lista de todos os marcadores usados para identificar os posts. Com isto, fica mais fácil encontrar um assunto específico; basta clicar no tag desejado.

Se você tiver uma ideia que torne este site mais acessível, comente este post ou envie um email para alexandre.lotsemann@gmail.com.

ENQUETE: praticante de prático deve ser apenas para profissionais do mar?

Agora que nossas duas primeiras enquetes estão chegando ao fim, chegou a hora de lançar uma nova pesquisa.

Queremos sua opinião sobre o fechamento das próximas seleções para praticante de prático para os que não são "profissionais do mar".

Em países como Alemanha, Holanda e Japão, só pode ser prático quem é comandante. Em outros, como o Chile, é facultada a participação de oficiais da Marinha de guerra.

Participe!

Perguntar não ofende...

A Autoridade Marítima vai selecionar práticos para a ZP-1 ainda neste ano, ou os navios vão continuar parando por escassez de profissionais?

EUA oferecem treinamento em modelos reduzidos

A Massachusetts Maritime Academy (MMA), localizada em Buzzards Bay (EUA), oferece aos interessados, preferencialmente práticos e oficiais superiores da náutica, o único curso avançado de manobra de navio da América do Norte.

No programa, o único reconhecido pela Guarda Costeira estadunidense no mundo, os participantes tem a oportunidade de realizar manobras que normalmente seriam arriscadas demais em tamanho real.

Entre os itens do curso, estão: fundeio, atracação e desatracação, manobra em baixas velocidades, experimentos com o ponto pivô, interação e manobrabilidade em águas rasas

Para saber mais: http://www.maritime.edu/l2.cfm?page=127.

Curso Oristóbio de Praticante de Prático -- A galinha texana

Oristóbio é um prático experiente. Ele acredita que simulador não passa de videogame, mas tem respeito pelas manobras com modelos em escala reduzida e, por isto, oferece aos visitantes deste blog mais uma amostra grátis de seu recém-lançado curso de praticante de prático.

O título do vídeo de hoje é "A Galinha Texana". Para ver, clique aqui.

2009-03-11

Foto de Itajaí é capa de publicação sobre segurança do prático

Clique na imagem para ter acesso ao documento


Uma foto do prático Rogério Ewerton Pinto, tirada em 2003, foi escolhida pela International Maritime Pilots’ Association (IMPA) para a capa da publicação "Shipping industry guidance on the rigging of ladders for pilot transfer: ensuring compliance with SOLAS".

A brochura é resultado de trabalho conjunto entre a IMPA, a International Chamber of Shipping (ICS) and the International Shipping Federation (ISF) e tem por objetivo lembrar marítimos e empresas de navegação da necessidade vital de garantir a segurança das escadas utilizadas para o embarque e desembarque do prático no mar.

Para saber mais: acesse http://www.itajaipraticos.com.br/site/%5C%22http://www.marisec.org/pilotladders/%5C%22

Cinco anos da Resolução A-960 da IMO

Há cinco anos, no dia 5 de março, era publicada a Resolução A-960 da IMO (Organização Marítima Internacional).

Este documento, um dos mais relevantes para a praticagem em nível internacional, não pretende se sobrepôr aos parâmetros de qualidade existentes nas diversas zonas de praticagem, mas recomendar diretrizes gerais para o serviço, em vista do reconhecimento de que "os práticos desempenham um papel importante na promoção da segurança da navegação e da preservação do ambiente".

Pode-se dizer, portanto, que a A-960 indica o que a IMO entende por "mínimo múltiplo comum" para as praticagens do mundo tudo.

A Resolução encabeça dois anexos; no primeiro, apresenta recomendações sobre treinamento e habilitação de práticos, enquanto o segundo trata dos procedimentos operacionais a serem observados pelos profissionais.

Para saber mais: Resolução A-960 (texto oficial, em inglês)

2009-03-06

Curso Oristóbio de Praticante de Prático -- Lição 2

Oristóbio é um prático antigo. Ele não acredita em squat nem em interação, mas reconhece que o inglês é uma ferramenta essencial da profissão. Por isto, ele está divulgando mais uma amostra grátis de seu recém-lançado curso de praticante de prático.

O vídeo se chama "Um afunda, o outro bóia" e se passa na Guarda Costeira da Alemanha. Para acessar, clique aqui.

Boa semana!

Nova enquete no ar

Lançamos ainda há pouco uma nova enquete.

O tema é a regulação econômica da praticagem, assunto posto em discussão pela Secretaria Especial dos Portos e também neste blog.

Aproveite e vote!

Perguntar não ofende...

A seleção para praticante de prático é, afinal, concurso público, exame de habilitação ou exame vestibular?

2009-03-05

ARTIGO: Praticagem e regulação econômica

A matéria do Guia Marítimo intitulada "Ministro quer discutir modelo de controle das praticagens" contém afirmativas sobre a atividade que requerem uma análise crítica de aspectos de sua regulação.

Uma, em particular, atrai a atenção. Nela, o ministro sugere que o atual modelo de "controle" da praticagem não contempla o aspecto econômico.

Falso.

A Lei 9.537, de 1997, atribui à Autoridade Marítima a responsabilidade de fixar o preço do serviço. Este poder tem sido considerado "negativo", isto é, a Marinha só atua quando não há entendimento entre práticos e armadores.

É verdade que a ideia de ter almirantes de três estrelas ditando preços pode parecer esdrúxula, tanto que nenhum dos países desenvolvidos tem sistema semelhante. Ademais, boa parte dos práticos é egressa da Marinha, o que pode explicar a percepção de alguns armadores de que a Diretoria de Portos e Costas não teria a isenção indispensável para a função. Por conta disto, eles defendem o exercício da regulação econômica pela SEP ou pela ANTAQ.

O papel moderno da praticagem envolve promover, de forma coordenada, a segurança mais a eficiência da navegação, superando a dicotomia exclusivista da visão liberal. Assim, o recomendável seria ter uma única autoridade regendo o processo. Criar um duplo comando no setor provocaria um retrocesso capaz de (res)suscitar conflitos resultantes da falta de coordenação, a menos que as duas entidades partilhem da mesma visão essencial sobre a praticagem.

Apesar de os armadores insistirem em considerar as tarifas de praticagem como "custos portuários", o prático é um aquaviário, não um portuário. Assim a lei o declara, porque é impossível pôr de lado a constatação de que o prático é, antes de tudo, um marinheiro, tal como o comandante que ele assessora. E a Autoridade Marítima está em condições de entender isto melhor do que qualquer outro ente público.

Em vista deste conhecimento adquirido, deve a Marinha não apenas manter o comando único, mas também exercê-lo de modos menos tradicionais e possivelmente mais naturais.

Uma proposta que parece factível é a de estabelecer metas de investimento, qualidade e prestação de serviço para as empresas, a exemplo do que ocorre na telefonia e na distribuição de energia elétrica. Isto permitiria gerar e manter um equilíbrio ótimo entre custo e benefício.

Parece pouco crível que a SEP ou a ANTAQ sejam mais indicadas para coordenar semelhante processo do que a Autoridade Marítima.

O marco regulatório da praticagem ora em vigor é necessariamente sujeito a revisões de rumo, e ainda pode ser aperfeiçoado de modo a agregar ainda mais valor à atividade. O que se deve evitar é que o serviço de praticagem seja tratado como uma commodity. Afinal, não se acha navegação segura, eficiente e limpa ali na esquina. Nem na internet.

SEP quer discutir regulação de preços das praticagens

Intenção é diminuir custo dos serviços nos portos brasileiros; manifestação foi feita após seminário 'Brasil-Holanda', em São Paulo.

Fonte: http://www.guiamaritimo.com.br/nota.php?id=572


O ministro dos Portos, Pedro Brito, disse ontem que o governo brasileiro está "discutindo o modelo de controle das praticagens no Brasil", com o objetivo de baixar os custos do serviço nos portos.

No Brasil, as cooperativas atuam como monopólios regulados pela Marinha. Segundo o ministro, não há qualquer problema nesse formato - adotado em diversos países. Mas, afirmou, é necessário um "controle do Estado" para evitar "sobrepreços e garantir a qualidade do serviço. Esse é o papel do governo e é o que estamos fazendo em parceria com a Marinha", disse Brito, sem detalhar exatamente o passo prático.

As manifestações foram feitas em entrevista ao Guia Marítimo, depois do seminário Brasil-Holanda - o Futuro da Logística, realizado em São Paulo.

Recentemente, a SEP (Secretaria Especial de Portos) contratou um estudo do CEGN (Centro de Estudos em Gestão Naval), ligado ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da USP, que apontou serem os preços das praticagens no Brasil 2,2 vezes maiores do que a média mundial. O Conapra (Conselho Nacional de Praticagem) contesta os dados e aponta distorções, tais quais erros de comparação.

"É por isso que estamos discutindo. Nós não temos nenhum plano específico em relação às praticagens, mas sim um plano global de redução dos custos portuários", disse.

Questionado se a SEP estudava encampar a gestão econômica do serviço, Brito disse: "A Marinha é a instituição perfeita para se responsabilizar pelo treinamento, a segurança, a fiscalização, isso é indiscutível. O que estamos discutindo é exatamente o papel do monopólio controlado do ponto de vista econômico. Qualquer monopólio natural tem de ter controle do Estado, para que seja possível garantir que os preços sejam justos e não prejudiquem nem quem está ofertando, nem quem está tomando o serviço. Esse controle é que estamos discutindo, mas ainda não há nenhuma decisão tomada sobre isso".

Sobre a possibilidade de ofertar os serviços de praticagens dentro das companhias docas, conforme sugeriu quando nomeado, Brito rechaçou a tese.

Guia Marítimo oferece acesso a sites de praticagem

O site Guia Marítimo traz em sua página links para acessar informações relativas a praticagens brasileiras. É um serviço útil para quem deseja acompanhar um navio em suas escalas, ou simplesmente a movimentação dos maiores portos nacionais.

Para saber mais: acesse http://www.guiamaritimo.com.br/serv/praticagem.php

Suspensa certificação de praticantes de prático

A Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil publicou hoje, em seu site, a Comunicação n. 19 do Processo Seletivo à Categoria de Praticante de Prático.

Leia a íntegra do comunicado:

MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS

PROCESSO SELETIVO À CATEGORIA DE PRATICANTE DE PRÁTICO/2008

COMUNICAÇÃO N° 19, DE 5 DE MARÇO DE 2009

A Diretoria de Portos e Costas informa que, por força de decisão judicial prolatada nos autos do processo n° 2008.51.01.522553-4, está suspenso o Processo Seletivo.

Em consequência, ficam suspensas as apresentações dos candidatos, relacionados no Edital de Homologação de Resultado Final e Convocação, nas CP/DL/AG com jurisdição sobre as Zonas de Praticagem para as quais foram selecionados, a fim de receber os certificados de habilitação de praticante de prático e iniciar o estágio de qualificação.

PAULO JOSÉ RODRIGUES DE CARVALHO
Vice-Almirante
Diretor de Portos e Costas

Perguntar não ofende...

Afinal, este processo seletivo de praticante de prático vai ou racha?

ACIDENTES: o caso do "Cosco Busan" (2)




O National Transportation Safety Board realizou uma investigação do acidente, cujas conclusões foram publicadas no dia 18 de fevereiro e estavam inéditas em português.

Entre as centenas de arquivos e páginas relativos à colisão, um bom ponto para começar a análise do acidente é a reconstituição dos movimentos do navio e dos diálogos durante os minutos que precederam o choque.

Para facilitar o entendimento da ocorrência, o NTSB produziu duas animações. A primeira é uma reconstrução 2-D em fast-time (20 vezes a velocidade real) da manobra, desde o final da desatracação até um pouco depois do acidente. A segunda alinha em tempo real os eventos relevantes ocorridos entre 0826 e 0830 h, fase mais crítica da manobra, com transcrições das falas de maior importância e imagens do radar cujos dados foram salvos no VDR (Voyage Data Recorder, a "caixa-preta" dos navios)

Veja as animações em http://www.ntsb.gov/Events/2009/San-Francisco-CA/AnimationDescription.htm

Eis a íntegra, em inglês, do áudio correspondente à animação em tempo real (a segunda animação da página):
  • This animation is a real time presentation of the Cosco Busan allision with the San Francisco-Oakland Bay Bridge from 08:26 to 08:30.
  • The ship completed its port turn and was on heading 245 degrees, the pilot ordered the rudder to starboard to commence a turn to starboard.
  • The pilot increased the rate of turn to starboard with a rudder order of twenty degrees and, shortly afterward, an engine order of full ahead.
  • The radar screen capture indicates that the VRM circle which was set at .33 miles is moving away from the edge of Yerba Buena Island.
  • The ship’s speed over ground is 10.8 knots.
  • The VTS operator monitoring the Cosco Busan’s transit through the harbor became concerned with the position of the ship and called the pilot using his designator Romeo.
  • The pilot responded to VTS saying, traffic romeo.
  • The pilot ordered a reduction in the starboard rudder angle from twenty degrees to ten degrees, at this time the ship’s heading was about 261 degrees and its course over ground was about 235 degrees.
  • VTS asked the pilot to clarify his intentions.
  • The pilot responded to VTS that he was coming around and he was steering 280.
  • The pilot ordered an increase in the rudder angle to starboard 20.
  • VTS asked if he still intended to pass under the delta – echo span of the bridge.
  • The pilot asked the master if a point on the electronic chart was the center of the bridge, and he responded in the affirmative.
  • The pilot increased the rudder from 20 degrees to hard starboard and called VTS saying that he still intended to use the delta echo span.
  • The pilot ordered the rudder to be centered.
  • The pilot then ordered the rudder to starboard 20.
  • The pilot ordered the rudder hard to starboard.
  • The ships bosun, who was on the bow of the ship, radioed the bridge calling their attention to his sighting of the bridge column.
  • The master stated that he also saw the bridge column.
  • The pilot said he saw the bridge column.
  • As the ship’s port side came in contact with the fendering system at the base of the delta tower, the pilot ordered the rudder to be centered, and then hard to port.
  • As the ship cleared the fendering system the pilot order the rudder to be centered and ship’s speed to be slowed.
  • The pilot called the VTS operator to report the accident and stated that he was taking the ship to a nearby anchorage.

ACIDENTES: o caso do "Cosco Busan" (1)

O cenário é o porto de Oakland, na baía da San Francisco, costa oeste dos Estados Unidos.

O dia é 7 de novembro de 2007. São 0800 h. A visibilidade não excede 400 metros.

O navio é o Cosco Busan, um porta-contêineres de 275 m de comprimento por 40 metros de boca, com a bandeira de Hong Kong.

A bordo, o prático conduz a desatracação do navio, que segue para a Coreia do Sul.

Cerca de 25 minutos depois, o navio se aproxima do vão Delta-Echo da ponte que liga a ilha de Oakland a San Francisco.


Por volta das 0830 h, o navio atinge as defensas do pilar Delta com o costado de bombordo. Um rombo de quase 40 metros se abre a vante de meia-nau. Dois tanques de combustível vazam. Mais de 200 mil litros de óleo pesado se espalham ao longo de 60 km de costa e matam cerca de 2.500 aves de aproximadamente 50 espécies.

Calcula-se que o dano monetário imediato foi da ordem de US$ 75 milhões - mais de US$ 70 milhões apenas para remover o óleo do ambiente.

O prático teve de renunciar à sua habilitação e enfrenta processo penal por crimes estaduais e federais. Seis tripulantes permanecem detidos nos EUA como "testemunhas materiais". A proprietária do navio alega que a culpa foi da Guarda Costeira - um caso incomum, se não único, de tentar responsabilizar um governo por acidente de navegação com prático a bordo.

Como isto foi acontecer?

Este é o primeiro de uma série de posts sobre este acidente, que pode mudar os rumos da praticagem nos EUA e no mundo.

2009-03-04

Abalroamento no armazém 26 de Santos

Fonte: http://atribunadigital.globo.com/bn_conteudo.asp?cod=400609&opr=82


O navio Saga Sky, de bandeira de Hong Kong, se chocou segunda (2), por volta das 13h30, contra o cargueiro liberiano Ivi, que estava atracado no cais do Armazém 26 do Porto de Santos.

Veja o vídeo do acidente em: http://sptv.globo.com/Jornalismo/SPTV/0,,MUL1025047-16577,00-NAVIO+BATE+EM+CARGUEIRO+NO+PORTO.html

No momento do acidente, o Saga Sky, que veio de Roterdã (Países Baixos), seguia pelo Canal do Estuário em direção ao Canal de Piaçaguera, para chegar ao terminal marítimo da Cosipa, em Cubatão. Já o Ivi desembarcava trigo, que era armazenado nos silos ao lado do Terminal de Passageiros Giusfredo Santini.

O abalroamento foi causado por uma perda de governo do Sky Saga pouco antes de passar pelos silos do 26, de acordo com o prático que estava a bordo. De imediato, o prático ordenou que o ferro fosse largado e as máquinas fossem atrás toda força, a fim de evitar ou minorar o choque.

De acordo com a Cargill Agrícola S.A., que agencia o navio de grãos, os danos ao Ivi se limitaram a uma seção do casco na altura da meia-nau e a estruturas dos porões localizadas nessa área. Já o Saga Sky apresentou avarias em sua proa, especialmente no bulbo. Não houve derramamento de óleo.

Após o abalroamento, o Saga Sky conseguiu continuar viagem, chegando ao terminal da Cosipa logo depois.

A Capitania dos Portos de São Paulo abriu inquérito para apurar as causas do acidente.

2009-03-03

Liminar suspende seleção para praticagem

O Processo Seletivo para Praticante de Prático iniciado em 2008 está novamente paralisado. Desta vez, a suspensão foi concedida na ação civil pública 2008.51.01.522553-4, de autoria do Ministério Público Federal.

De acordo com a liminar, proferida ontem (3), o Diretor de Portos e Costas não poderá entregar qualquer certificado de habilitação até decisão judicial posterior. Em caso de descumprimento, poderá ser responsabilizado penalmente por desobediência e prevaricação, além de ter de pagar multa de R$ 100,00 por dia.

Até o final da tarde de ontem, nem a Advocacia-Geral da União nem a Diretoria de Portos e Costas haviam sido informadas oficialmente da concessão da liminar.

2009-03-01

Perguntar não ofende... 2

A Secretaria Especial de Portos vai se pronunciar oficialmente sobre o estudo encomendado por ela a respeito da praticagem no Brasil?

Perguntar não ofende...

Por que os armadores reclamam dos preços da praticagem e nunca trazem a público as tabelas?

IMPA, a voz mundial da praticagem

Em 1970, na cidade de Kiel, representantes de diversas praticagens de todo o mundo se reuniram e traçaram as linhas-mestras de uma entidade destinada a representar os práticos em todos os fóruns de discussão mais importantes do transporte marítimo, inclusive na IMO (Organização Marítima Internacional)

A IMPA (sigla em inglês para Associação Internacional dos Práticos Marítimos) é uma organização profissional sem fins lucrativos, lançada em Amsterdã, Holanda, em maio de 1971, com a missão de promover uma praticagem segura e profissional ao redor do planeta.

Para cumprir a sua missão, a organização incentiva o diálogo entre seus integrantes e o intercâmbio de informações técnicas com parceiros e autoridades reguladores da indústria do transporte marítimo em nível local, nacional e internacional.

Atualmente, a IMPA conta com mais de 8 mil práticos de 54 países em todos os continentes.

2009-02-28

Curso Oristóbio de praticante de prático

Oristóbio tem alergia ao PNA e jamais leu a Normam-12. Acredita que é prático desde antes de nascer, quando já navegava em águas restritas na barriga de sua mãe.

Ele está em campanha para salvar as antigas tradições do mar e, por isto, ele cedeu parte do material de seu recém-criado curso de praticante de prático para divulgação:

2009-02-27

ENQUETE: A praticagem brasileira, jurássica?


Em meio a uma onda de ataques contra a praticagem, deflagrada em boa medida pelos solavancos da economia mundializada, uma ideia atribuída a um executivo do transporte marítimo me marcou pela contundência: a de que a praticagem não passa de um dinossauro.

Quando alguém atribui a outro o rótulo de "dinossauro", chama-o de anacrônico, um fóssil vivo, fascinante, mas superado. Não se trata de uma crítica, mas de um ataque. O que importa é ferir o interlocutor.

Pondo de parte estas conotações, permanece a pergunta: os serviços de praticagem no Brasil são, de forma geral, jurássicos?

Se a resposta é afirmativa, quais seriam os motivos, e como seria possível mudar?

Se, por outro lado, a resposta for negativa, o que teria levado um armador a se expressar deste modo?

Foi por isto que escolhemos este tema para nossa primeira enquete. Com isto, oferecemos a quem nos visita a possibilidade de interagir conosco e com os outros visitantes de um modo diferente da maioria dos blogs.

Se você tiver sugestões para nossas enquetes, mande um comentário. Quem sabe a próxima enquete pode ser a sua!

AVISO: Blogue com moderação!


Este é um blog com moderação. Isto significa que seu comentário será lido por nossa equipe antes de ser publicado.

Nosso critério fundamental para moderação é que o comentário deve ter relação com o universo a respeito do qual este blog fala.

Se, por alguma razão, o seu comentário não for publicado, pode ser que a linguagem usada nele tenha sido inadequada, e não queremos atingir sensibilidades alheias à toa, não é mesmo?

Por isto é que pedimos: BLOGUE COM MODERAÇÃO.

A sua participação é importante!

Este blog está disponível para todos que tenham interesse em praticagem.

Não importa se você só ouviu falar de praticagem há dois minutos ou se nem sequer se lembra de como era sua vida antes de ser prático, teremos alguma coisa para todo mundo sobre praticagem.

Você pode até ser contra a praticagem, ou os práticos, seja qual for a razão. Mas não deixe de participar.

O que pedimos é que haja respeito. Respeito ao universo do blog. Respeito ao próximo. Respeito às ideias do próximo.

ARTIGO: Pensar global, agir local



Os conflitos que envolveram de algum modo a praticagem brasileira nos últimos meses, por conta das tarifas e do processo seletivo, trouxeram à tona tanto mentiras quanto verdades sobre esta atividade milenar e pouco conhecida.

Um fato essencial que parece ser ignorado por boa parte do público é que a atividade de praticagem é, a um só tempo, global e local.

Com 95% do comércio exterior brasileiro transportado por via marítima, os práticos são peças essenciais na interação entre o Brasil e o mundo, ao assegurar, na esmagadora maioria dos casos, que navios feitos para o alto-mar consigam transitar com segurança e eficiência em águas restritas, conhecidas de poucos.

Estes sucessos são obtidos todos os dias, a despeito dos problemas estruturais vividos por quase todos os portos brasileiros no que tange a seus acessos aquaviários, inadequados para o trânsito de navios de maior porte.

Se o Brasil cresceu como exportador, um dos fatores para isto foi a capacidade técnica da praticagem brasileira, que também avançou nos últimos cinco anos para acompanhar as transformações do transporte marítimo ocorridas em todo o mundo e servir melhor a seu patrão -- a segurança da navegação.

E isto sem um centavo de incentivo público.