2009-04-11

ARTIGO: Aspectos da interação entre prático e equipe de passadiço

MARGRIET TORPSTRA
Prática de Rotterdam


Depois da colisão do Cosco Busan, na Baía de São Francisco [EUA], a questão da comunicação entre prático e comandante voltou a ganhar visibilidade. Capitães e práticos vem se tornando mais conscientes da importância de uma comunicação direta e livre de ambiguidades. E se isto não ocorre, o mundo a seu redor os compele a trabalhar e comunicar-se como uma equipe.

Recentemente, voei de Amsterdam a Estocolmo e pude ver os pilotos e a tripulação do avião a bordo do qual estava encontrando-se pela primeira vez. Estava patente que eles não se conheciam antes.

Os dois profissionais riam, faziam brincadeiras e cumprimentavam-se enquanto a tripulação da cabine estava a apenas um passo de distância. Os pilots acenaram educadamente para eles com a cabeça, mas sem palavras. Porém, no decorrer do voo, pude ouvir por alto a comunicação entre eles e ficou nítido que eles empregavam frases padronizadas -- um resultado de seu extenso treinamento. Eles transmitem e recebem informação sem dar margem a equívocos; sabem exatamente o que fazer e o que esperar uns dos outros. Eles adoram seu trabalho e o modo como trabalham.

Eu me dei conta de que, no passado, um clima como este estava longe de ser comum a bordo. Hierarquia, falta de assertividade e inexistência de delegação eram as bases do cotidiano, mas as consequências disto no voo eram desastrosas.

Frases padronizadas começaram a ser empregadas e procedimentos operacionais padrão foram prescritos; atualmente, todo membro da tripulação conhece seus deveres. Muito treinamento e atitudes simples e transparentes fazem toda a diferença.

Como instrutora de gerenciamento de recursos de passadiço, ouvi com frequência que meus workshops são bons para conscientização mas deixam de dar boas respostas práticas

Na condição de prática, compreendo estas observações.

É possível que tenha chegado a hora de dar uma solução diferente para a dinâmica de cooperação entre práticos, comandantes e tripulação: a padronização das comunicações e da terminologia. É o que fazem VTSs, a indústria aeronáutica e diversas fábricas. Mesmo hospitais adotam esta linha. Para ser honesta, quando eu tiver de ser hospitalizada, minha expectativa é de que médicos e enfermeiras comuniquem-se como equipe e entendam-se com clareza.

Nós -- comandantes, oficiais de quarto e práticos -- podemos trabalhar em melhoras. As instruções podem ser transmitidas de forma facilmente compreensível; checklists podem ser úteis. Do mesmo modo, é possível a treinar a todos os profissionais do transporte marítimo em procedimentos operacionais-padrão

Expresse de forma direta e acurada o que você deseja saber e não presuma nada acerca das intenções da outra parte. Grande parte disto já existe. Deixamos passar módulos simples para aprender a colocar tudo isto em prática.

A questão é: percebemos que trabalhamos melhor no passadiço como equipe ou ainda acreditamos que partilhar dúvidas profissionais é um sinal de fraqueza? Quando a informação não é compartilhada, um erro de uma só pessoa pode ocorrer facilmente.

Em um ambiente favorável a questionamentos e respostas, no qual o comandante contribui com sua responsabilidade pelo navio e o prático, com seu conhecimento local, o trabalho de equipe surge naturalmente através da comunicação simples e eficaz

Temos a capacidade de desenvolver uma Terminologia para Equipes de Passadiço voltada para as atividades habituais de praticagem:

  • O prático pode perguntar quem da equipe será responsável pela navegação;
  • Um Oficial de Náutica não se rebaixa ao informar sobre embarcações nas proximidades;
  • Um prático pode querer ser avisado se um contato estiver a 100 metros ou menos;
  • Deve ser uma prática corriqueira traduzir as conversações com o VTS para o passadiço;
  • O timoneiro pode receber atenção especial e acompanhamento de um terceiro todo o tempo.

Em resumo, o prático jamais deve trabalhar sozinho -- e então será um profissional benquisto e qualificado, ao invés de um estranho no passadiço.

2009-03-30

UK: 20 Years of the Pilotage Act

ALEXANDRE ROCHA, MNI

In the midst of the discussions regarding the Brazilian pilotage system, it is very easy to forget that history often repeats itself, albeit in different regions of the globe.

The complaints levelled against pilots in Brazil are hardly surprising. And the United Kingdom provides a fairly decent indication of what might come should the Goverment cave in to the pressure from other sectors of shipping.

Here we quote an October 2008 editorial from Master Mariner John Clandillon-Baker -- a Fellow of the Nautical Institute and the editor of The Pilot, the journal of the United Kingdom Maritime Pilots' Association.

With a few adaptations, his text would just apply to the current situation in Brazil:

The Pilot
Online Edition

This month [October 2008] marks the 20th anniversary of the implementation of the 1987 Pilotage Act which transferred responsibility for UK pilotage from Trinity House to the ports. It seems strange that pilotage was singled out as an area where legislation was required, but the intense lobbying by the shipping and ports industries somehow convinced the Government that pilots were “strangulating trade” and unless this unruly body of individuals was regulated then the country would be brought to its knees!
Although all was not as rosy under Trinity House as some would like to reminisce, the TH pilots provided a high quality professional and very efficient service to the ports for (compared to lawyers and accountants) a very reasonable charge. Once the responsibility for pilotage was transferred to the ports, the delegation of power without accountability inevitably led to the erosion of safety parameters and this fundamental flaw of the 1987 Act was dramatically exposed by the Sea Empress disaster in 1996. The findings of the Sea Empress investigation led to a review of the Pilotage Act which in turn led to the Port Marine Safety Code (PMSC).
So where are we now? Twenty years on, the flaws of the 1987 Act are still regularly being revealed by MAIB investigations and in 2005 the government announced a proposed new Marine Bill which would include pilotage and underpin the PMSC with legislation to provide accountability by ports to the Secretary of State. Although delayed, the Bill is still tabled for the future but the delay has resulted in the port and shipping industries intensifying their lobbying to water down the legislation. As I write this, the ship owners and charterers are lobbying to remove the requirement for a PEC holder to be the “bona fide” Master or Mate of the ship (see PEC abuse article) and the ports bodies are lobbying to prevent the PMSC and accountability elements of the Bill from being incorporated. “Voluntary self regulation” is all that is required they protest. Well, as the now proud owners of all the UK banks’ debts, we all know where that leads!

2009-03-29

A NEW BEGINNING: "Profissão: prático" is "In Safe Waters"

For a short while, our blog, devoted to marine pilotage, was out of the blogosphere.

A reevaluation became necessary; we cannot be always be sure that what we do is good or useful enough.

Eventually, though, I came to realize that this is not only about personal ideas and opinions: it is about an entire industry and its multiple faces.

So we are back, we are now bilingual (Portuguese and English) -- and under a different name.

"Profissão: prático" is now "In Safe Waters".

NOVO NOME: "Profissão: prático" agora "Em Águas Seguras"

Ficamos fora da blogosfera por um tempo, sem aviso.

Nem sempre a gente tem certeza de que está fazendo o melhor, ou de que está sendo útil.

Aí, eu me dei conta de que, mais do que uma vitrine de opiniões e ideias pessoais, este é um lugar para reunir conteúdos de interesse em diversos setores da indústria de transporte marítimo: segurança, economia, tecnologia, aspecto humano...

Por isso estamos de volta, por isso mudamos de nome.

Profissão: prático está agora Em Águas Seguras.

2009-03-20

PRATICANTE DE PRÁTICO 2008: Apresentação começa hoje

Começou hoje (20) a apresentação dos praticantes de prático nas Zonas de Praticagem (ZPs) para as quais foram classificados.

Para os que não são praticantes de prático ou práticos em outras ZPs, o prazo se encerra no próximo dia 24. Os demais terão até 4 de abril para iniciar o treinamento.

ITAJAÍ: saída do "Maersk Jefferson"

Maersk Jennings (224 m LOA, 32 m de boca) rumo à barra, depois de desatracar do berço 4 de Itajaí

ITAJAÍ: o MSC Oriane e o novo balizamento

Aí vão algumas fotos do trabalho da praticagem do Itajaí, tiradas no dia 13 de março, durante a entrada e saída do "MSC Oriane", primeiro navio pós-Panamax a escalar no Terminal Portuário de Navegantes (PORTONAVE) com a presença do novo sistema de balizamento.

O "MSC Oriane" é um porta-contêineres de 277 metros de comprimento e 40 metros de boca, capaz de receber cerca de 5 mil contêineres de 20 pés (TEUs). Esta foi sua escala inaugural na PORTONAVE.


Proximidades da boia Itajai 5. Rebocadores Caillean, Sauípe e Lancelot aguardam no canal interno.

Carta eletrônica confirma a foto: navio está no canal de 120 m de largura

MSC Oriane, já com os rebocadores dispensados, prestes a passar barra

Passagem de barra, proa na boia 6; ao fundo, o MSC Japan

Marcando assim!

Gigante em águas seguras

2009-03-16

Perguntar não ofende... (3)

Afinal, quem é o patrão da praticagem?

Perguntar não ofende... (2)

Alguém desceria em um aeroporto no qual os controladores de tráfego fossem empregados das companhias aéreas?

Perguntar não ofende...

Alguém desceria em um aeroporto onde duas torres de controle disputam a primazia e os lucros do serviço?